O aumento da expectativa de vida é um dado que chama a atenção do mundo todo. Nos últimos 60 anos, a expectativa de vida no Brasil cresceu em 40%.
Apesar do dado do aumento da expectativa ser uma notícia boa – afinal, estamos vivendo mais – a mudança do perfil da população provoca situações que não estamos tão preparados para lidar.
Por isso, o envelhecimento saudável e a prevenção do declínio cognitivo tornou-se uma preocupação global.
Mas afinal, o que a arquitetura tem a ver com tudo isso? Como a arquitetura pode contribuir para a melhoria da saúde mental e bem-estar dos usuários?
Embora uma boa arquitetura não forneça curas mágicas para problemas de saúde mental, ela contribui para a felicidade cotidiana, oferecendo espaços confortáveis e bem projetados.
Esses espaços não são apenas moradias; são refúgios que acolhem, inspiram segurança e legibilidade, influenciando a memória afetiva e proporcionando experiências fundamentais para a saúde.
Hoje, queremos lhe convidar para entender um pouco sobre a neuroarquitetura, um campo que investiga a relação entre o ambiente construído e o funcionamento cognitivo, revelando estratégias importantes para promover a saúde mental ao longo da vida.
A neuroarquitetura e a reserva cognitiva
A reserva cognitiva, a capacidade do cérebro de resistir a danos e declínios cognitivos, é influenciada pelo ambiente físico em que vivemos. O cérebro humano, incrivelmente plástico, se beneficia de estímulos ao longo da vida, influenciando a reserva cognitiva, vital para a saúde cerebral em todas as fases.
A neuroarquitetura sugere que arquitetos e urbanistas têm a capacidade única de criar espaços que contribuam significativamente para a construção dessa reserva.
Atividade física integrada:
Ambientes que incentivam a atividade física, como calçadas amplas, ciclovias e espaços verdes, promovem não apenas a saúde física, mas também estimulam a neurogênese, fortalecendo a reserva cognitiva.
Conexão social facilitada:
Espaços de convivência integrados e bem projetados facilitam encontros sociais, contribuindo para a diversidade de relacionamentos. A conexão social desempenha papel crucial na desaceleração do declínio cognitivo.
Ambientes noturnos propícios ao Sono:
Quartos de dormir projetados com isolamento acústico, controle de luminosidade e foco na qualidade do sono promovem a consolidação de memórias e a remoção de toxinas cerebrais, essenciais para a saúde cerebral.
Desafios cognitivos incorporados:
Ambientes complexos e rotas variadas estimulam o hipocampo, área sensível ao envelhecimento, fortalecendo a reserva cognitiva. Explorar ativamente esses espaços enriquece a experiência, estimulando mente e corpo.
Redução do estresse crônico:
Design ativo, biofilia, conforto acústico e espaços de refúgio são estratégias eficazes na redução do estresse crônico, preservando a saúde mental e fortalecendo a Reserva Cognitiva.
Repensando o ambiente para todas as fases da vida
Ao adotar uma abordagem consciente e holística no design de ambientes, a arquitetura não apenas impacta o envelhecimento, mas promove a construção da reserva cognitiva desde a infância até a terceira idade. Criar espaços que estimulem o cérebro em todas as fases da vida contribui para uma sociedade inclusiva, saudável e resiliente.
O papel da arquitetura vai além de construir estruturas; é a criação de ambientes que nutrem a mente e o corpo, proporcionando uma base sólida para uma vida plena e saudável.